sexta-feira, 26 de junho de 2009

Michael Jackson morreu!!!


E dai?
Dai nada de um ponto de vista pessoal.
Culturamente, no entanto, diz muita coisa.
Primeiro, Michael foi um artista antenado com sua época e com visão além dela.
A MTV era só uma idéia no inicio dos anos 80, o vídeo tape tinha sido inventado um pouco antes , em meados dos anos 70. As vezes, para se promover um disco, se lançava um promo (pequeno vídeo com um trecho da musica e o visual do cantor, banda etc). Ai vem o Michael e lança thriller. é um divisor de águas. Ele percebeu que o vídeo promo poderia contar mais coisas, poderia contar uma história (e quem melhor pra contar uma história audiovisual do que um diretor de cinema?), essa é a sacada de triller, ele contratou o diretor de Um Lobisomem Americano em Londes, um filme B de muito sucesso na época. Resultado, nunca antes, nunca depois, foram quase 70 milhões de cópias vendidas mundo a fora, ninguém fez ou fará algo igual. É simplesmente impossível repetir o feito até porque o disco desapareceu e o cd está sumindo.
Segundo foram 45 anos de carreira, ou seja, o cara não teve infância(morreu aos 50). Vindo de uma familia evangélica, herdeiro das tradições da música negra americana ele colocou a música negra num patamar acima de onde ficava. A motown (Detroit, cidade do automóvel, estado de Michigan-EUA), gravadora a qual pertencia era conhecida por lançar artistas negros. Alguns dos melhores artistas americanos saia dali, mas a motown estava de olho na expansão da música negra também para o público branco e Michael (conscientemente ou não veio num movimento que a gravadora ja preparava), ele superou qualquer barreira, não era um cantor negro com música caracateristimente de negro, não, ele superou todas as fronteiras quaisquer que fossem.
Terceiro, era um dançarino exímio, superou Fred Asteire que, a certa altura, teria ligado para comprimentá-lo. Michael era também um excelente marqueteiro, sabia ler o que se passava a sua volta, lançou modismos diversos que se espalharam mundo afora( a dança, a moda, os mega shows).
Quarto Elvis era um excelente interprete do rock , mas Michael era muito mais para o pop, era autor, escrevia músicas, preprarava os shows, escrevia o roteiro dos vídeo clips. Vendeu cerca de 750 milhões de discos numa época em que a industria fonográfica vivia uma crise ameaçada pelos vídeos games que vinham se popularizando com a febre do PACMAN.
Quinto, era o primeiro astro pop global. Na época ninguém falava em globalização ou pelo menos não era um fenomêno comum a ponto de as pessoas andarem por ai a falar de globalização. Talves o vocabulário estivesse já na pena dos escritores, mas o mundo não havia se dado conta ainda.
Em fim o homem foi tudo e foi também uma síntese do seu tempo, um tempo que não existe mais, dai o simbolismo de sua morte. Para se ter uma idéia da dimensão do cara, esta semana os ingressos para os shows que ia fazer em Londres(Inglaterra) vendiam a uma média de 650 ingressos por minuto. Pensa ai, isso para um artista que há 8 anos não aparecia.
O disco morreu, o cd esta morrendo e Michael Jackson morreu também.
Mas, pera ai, tem algo pessoal sim.
Uma pessoa tão grandiosa tinha que deixar uma lição no campo pessoal também, mesmo apra aqueles de vocês que não viveram aquela época. É o seguinte.
Com todos os superlativos, todos os prêmios, dinheiro, sucesso, recordes(veja o ginness bock), Michael Jackon não conseguiu realizar uma façanha importante. Não conseguiu ser gente.
Uma pessoa que queria ser um personagem de Disney, amigo do Mickey, não é um pessoa normal. Morreu menino sem ser mais um menino. Não conseguiu se encontrar consigo mesmo.
Que tragédia pode ser pior do que o ser humano não se achar? Em uma entrevista à Oprah winifer ele faz o seguinte comentário: a fama é boa, você ganha dinheiro, faz muitas viagens, não to reclamando, mas também tem muito trabalho, muitos ensaios, eu estudava três horas seguidas e depois ia para o estudio ensaiar e grava e do outro lado da rua tinha um parque, eu chorava porque não podia ir brincar. Uma infância roubada por um pai castrador, autoritário e violento. Segundo consta o pai vivia lembrando a ele o quanto era feio e quanto tinha que trabalhar para compensar.
Resultado um cara que cresceu sem emoções simples, banais, como o carinho dos seus, de quem devia cuidar dele.
A lição que fica, por piegas que possa parecer, é que não adianta nada ter tudo e não ter a si mesmo. Uma mente distorcida, incapaz de distinguir realidade e ficção sobre a sua própria pessoa. Não se é originário dele, mas Thomas Mann disse certa feita que o artista tem que sofrer nesse mundo para produzir grandes obras. Não sei, a vida desse rapaz foi uma tragédia e nos diz que um pouco de afeto e auto conhecimento pode até não por mesa, mas te da condições de arrumar e poder apreciar uma.
Goodbye Michael



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